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Morre o radialista Luiz Mendes, o 'comentarista da palavra fácil'
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Morre o radialista Luiz Mendes, o 'comentarista da palavra fácil'
Morre o radialista Luiz Mendes, o 'comentarista da palavra fácil'
Com uma das vozes mais marcantes do Brasil, jornalista da Rádio Globo participou de momentos marcantes da história do rádio e da TV
Por mais de 60 anos, Luiz Mendes iniciava suas transmissões, seja como locutor ou comentarista esportivo, com o conhecido bordão "Minha gente..." Era a forma que encontrava para invadir com simplicidade e gentileza a intimidade dos ouvintes e também telespectadores. Não à toa, ganhou logo o título de "comentarista da palavra fácil". A fala mansa, direta, simples e segura caiu no gosto popular. E nesta quinta-feira, esse público que tanto aguardava suas opiniões perdeu uma das mais admiradas e poderosas vozes do rádio brasileiro. O gaúcho de Palmeira das Missões morreu no Rio de Janeiro aos 87 anos, deixando viúva a atriz e radialista Daisy Lúcidi, com quem viveu por 64 anos e teve um filho, que lhe deu netos e uma bisneta.
Luiz Mendes morreu após complicações decorrentes de uma leucemia linfocítica crônica, segundo informou a assessoria do Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, onde estava internado desde o dia 18 de outubro, no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). O comentarista já sofria há muitos anos com o diabetes. Antes de o estado se agravar, Mendes já não saía mais de casa. Mas participava do "Enquanto a bola não rola", mesa-redonda da Rádio Globo aos domingos, e tinha um quadro chamado "Da pelada ao Pelé" no "Globo Esportivo", programa apresentado por José Carlos Araújo nos fins de tarde, de segunda a sexta. Em "Da pelada ao Pelé", Mendes contava suas principais lembranças do mundo do futebol.
Torcedor do Grêmio e do Botafogo - o clube alvinegro já decretou luto oficial de três dias e cedeu a sede de General Severiano para o velório -, Luiz Mendes teve uma trajetória intimamente ligada à história do rádio e da TV. Afinal, das 19 Copas do Mundo, participou simplesmente de 16. Ficou fora apenas das de 1930, 1934 e 1938 por ainda ser garoto. Mas em 1950 já era o locutor que narrou com a voz embargada o gol de Gigghia no Maracanazo da Copa de 1950, quando o Uruguai bateu o Brasil por 2 a 1 na final e deixou o país em profunda tristeza. Depois, vibrou com a conquista da Copa de 1958, na Suécia. Aquela decisão, para ele, foi o jogo mais marcante.
Se no rádio Luiz Mendes teve sua marca registrada, na TV sua passagem também foi marcante. Ele participou da primeira transmissão de TV colorida no Brasil, em 1972. Ainda na telinha, pela TV Rio, apresentou programas como TV Ringue. Depois, participou por muito tempo da mesa-redonda da TV Educativa, no Rio.
Mas a participação na TV mais emblemática foi como âncora da Grande Resenha Facit, primeira mesa-redonda da TV, apresentada nas TVs Rio e Globo nos anos 60. A mesa era uma reunião de comentaristas de renome. Craques como João Saldanha, Armando Nogueira, Nelson Rodrigues, José Maria Scassa, Hans Henningsen (o “Marinheiro Sueco”), Vitorino Vieira e o ex-artilheiro Ademir de Menezes discutiam, com paixão de torcedor, de forma acalorada, o desempenho dos clubes cariocas, principalmente nos jogos disputados no Maracanã.
A ideia da mesa-redonda foi do então diretor da TV Rio, Walter Clark, depois de assistir a um debate político entre os comentaristas Oliveira Bastos, Murilo Mello Filho e Villas-Boas Corrêa.
A primeira versão do programa foi em 1963, na TV Rio, com o nome de Grande Revista Esportiva. Passou a se chamar Grande Resenha Facit após receber patrocínio da empresa Facit, fabricadora de máquinas de escrever. A mesa-redonda foi levada para a TV Globo em setembro de 1966.
Grandes paixões
Mas a maior das paixões de Luiz Mendes foi o rádio. Em 1944, Luiz, aos 19, chegava à Rádio Globo vindo da Rádio Farroupilha cheio de sonhos. Um deles era conhecer o que mais tarde se tornou outra paixão: a menina atriz Daysi Lúcidi, que ouvia numa peça de rádio-teatro. Luiz, que havia se encantado com aquele trabalho, nunca poderia imaginar que mais tarde viveria com ela um conto de fadas.
Apoiado pelo brilhante Heron Domingues, um dos bambas do rádio brasileiro e depois da TV, com quem dividiu quarto numa pensão, Luiz Mendes teve logo a bênção de ninguém mais ninguém menos do que Roberto Marinho. Em 1946, já ganhava concurso popular de melhor locutor esportivo. Anos depois, como comentarista, seja pela Rádio Globo, onde trabalhou por grande período de sua carreira, seja pela Rádio Nacional ou Rádio Tupi, onde teve boa passagem, conquistou milhões com seu jeito simples e o profundo conhecimento sobre futebol. Considerado uma enciclopédia ambulante, era carinhosamente chamado pelos colegas de trabalho de "Mestre". Em 2010, ganhou homenagem com o lançamento de um livro biográfico intitulado "Minha gente", da jornalista Ana Maria Pires.
O locutor José Carlos Araújo, o Garotinho, da Rádio Globo, deu seu depoimento emocionado ao site da Rádio Globo após o anúncio da morte de Luiz Mendes.
- Eu, garoto, tinha o Luiz Mendes como meu ídolo como narrador. Além da memória privilegiada, ele foi um companheiro inesquecível.
Na convocação da Seleção Brasileira para os amistosos contra Gabão e Egito, o técnico Mano Menezes lamentou a morte do comentarista.
- Queremos passar os nossos sentimentos para a família. Luiz Mendes faz parte da história do futebol braisleiro. Fez sempre uma crítica negativa ou positiva, mas muito consciente. É uma perda significativa
No Rio, o técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo, postou no seu blog homenagem a Luiz Mendes com o título de "Adeus, comentarista da palavra fácil".
"Meus sentimentos a toda família do radialista e jornalista Luiz Mendes. Desde que comecei no futebol aprendi a respeitá-lo e reverenciá-lo pelo seu conhecimento no futebol e pelo equilíbrio em suas análises ao longo de sua carreira. Estou triste porque ele marcou uma fase importante da minha vida no futebol. É sem dúvida uma grande perda no meio de comunicação, principalmente no rádio, do Brasil. Descanse em paz, comentarista da palavra fácil."
Com uma das vozes mais marcantes do Brasil, jornalista da Rádio Globo participou de momentos marcantes da história do rádio e da TV
Por mais de 60 anos, Luiz Mendes iniciava suas transmissões, seja como locutor ou comentarista esportivo, com o conhecido bordão "Minha gente..." Era a forma que encontrava para invadir com simplicidade e gentileza a intimidade dos ouvintes e também telespectadores. Não à toa, ganhou logo o título de "comentarista da palavra fácil". A fala mansa, direta, simples e segura caiu no gosto popular. E nesta quinta-feira, esse público que tanto aguardava suas opiniões perdeu uma das mais admiradas e poderosas vozes do rádio brasileiro. O gaúcho de Palmeira das Missões morreu no Rio de Janeiro aos 87 anos, deixando viúva a atriz e radialista Daisy Lúcidi, com quem viveu por 64 anos e teve um filho, que lhe deu netos e uma bisneta.
Luiz Mendes morreu após complicações decorrentes de uma leucemia linfocítica crônica, segundo informou a assessoria do Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, onde estava internado desde o dia 18 de outubro, no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). O comentarista já sofria há muitos anos com o diabetes. Antes de o estado se agravar, Mendes já não saía mais de casa. Mas participava do "Enquanto a bola não rola", mesa-redonda da Rádio Globo aos domingos, e tinha um quadro chamado "Da pelada ao Pelé" no "Globo Esportivo", programa apresentado por José Carlos Araújo nos fins de tarde, de segunda a sexta. Em "Da pelada ao Pelé", Mendes contava suas principais lembranças do mundo do futebol.
Torcedor do Grêmio e do Botafogo - o clube alvinegro já decretou luto oficial de três dias e cedeu a sede de General Severiano para o velório -, Luiz Mendes teve uma trajetória intimamente ligada à história do rádio e da TV. Afinal, das 19 Copas do Mundo, participou simplesmente de 16. Ficou fora apenas das de 1930, 1934 e 1938 por ainda ser garoto. Mas em 1950 já era o locutor que narrou com a voz embargada o gol de Gigghia no Maracanazo da Copa de 1950, quando o Uruguai bateu o Brasil por 2 a 1 na final e deixou o país em profunda tristeza. Depois, vibrou com a conquista da Copa de 1958, na Suécia. Aquela decisão, para ele, foi o jogo mais marcante.
Se no rádio Luiz Mendes teve sua marca registrada, na TV sua passagem também foi marcante. Ele participou da primeira transmissão de TV colorida no Brasil, em 1972. Ainda na telinha, pela TV Rio, apresentou programas como TV Ringue. Depois, participou por muito tempo da mesa-redonda da TV Educativa, no Rio.
Mas a participação na TV mais emblemática foi como âncora da Grande Resenha Facit, primeira mesa-redonda da TV, apresentada nas TVs Rio e Globo nos anos 60. A mesa era uma reunião de comentaristas de renome. Craques como João Saldanha, Armando Nogueira, Nelson Rodrigues, José Maria Scassa, Hans Henningsen (o “Marinheiro Sueco”), Vitorino Vieira e o ex-artilheiro Ademir de Menezes discutiam, com paixão de torcedor, de forma acalorada, o desempenho dos clubes cariocas, principalmente nos jogos disputados no Maracanã.
A ideia da mesa-redonda foi do então diretor da TV Rio, Walter Clark, depois de assistir a um debate político entre os comentaristas Oliveira Bastos, Murilo Mello Filho e Villas-Boas Corrêa.
A primeira versão do programa foi em 1963, na TV Rio, com o nome de Grande Revista Esportiva. Passou a se chamar Grande Resenha Facit após receber patrocínio da empresa Facit, fabricadora de máquinas de escrever. A mesa-redonda foi levada para a TV Globo em setembro de 1966.
Grandes paixões
Mas a maior das paixões de Luiz Mendes foi o rádio. Em 1944, Luiz, aos 19, chegava à Rádio Globo vindo da Rádio Farroupilha cheio de sonhos. Um deles era conhecer o que mais tarde se tornou outra paixão: a menina atriz Daysi Lúcidi, que ouvia numa peça de rádio-teatro. Luiz, que havia se encantado com aquele trabalho, nunca poderia imaginar que mais tarde viveria com ela um conto de fadas.
Apoiado pelo brilhante Heron Domingues, um dos bambas do rádio brasileiro e depois da TV, com quem dividiu quarto numa pensão, Luiz Mendes teve logo a bênção de ninguém mais ninguém menos do que Roberto Marinho. Em 1946, já ganhava concurso popular de melhor locutor esportivo. Anos depois, como comentarista, seja pela Rádio Globo, onde trabalhou por grande período de sua carreira, seja pela Rádio Nacional ou Rádio Tupi, onde teve boa passagem, conquistou milhões com seu jeito simples e o profundo conhecimento sobre futebol. Considerado uma enciclopédia ambulante, era carinhosamente chamado pelos colegas de trabalho de "Mestre". Em 2010, ganhou homenagem com o lançamento de um livro biográfico intitulado "Minha gente", da jornalista Ana Maria Pires.
O locutor José Carlos Araújo, o Garotinho, da Rádio Globo, deu seu depoimento emocionado ao site da Rádio Globo após o anúncio da morte de Luiz Mendes.
- Eu, garoto, tinha o Luiz Mendes como meu ídolo como narrador. Além da memória privilegiada, ele foi um companheiro inesquecível.
Na convocação da Seleção Brasileira para os amistosos contra Gabão e Egito, o técnico Mano Menezes lamentou a morte do comentarista.
- Queremos passar os nossos sentimentos para a família. Luiz Mendes faz parte da história do futebol braisleiro. Fez sempre uma crítica negativa ou positiva, mas muito consciente. É uma perda significativa
No Rio, o técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo, postou no seu blog homenagem a Luiz Mendes com o título de "Adeus, comentarista da palavra fácil".
"Meus sentimentos a toda família do radialista e jornalista Luiz Mendes. Desde que comecei no futebol aprendi a respeitá-lo e reverenciá-lo pelo seu conhecimento no futebol e pelo equilíbrio em suas análises ao longo de sua carreira. Estou triste porque ele marcou uma fase importante da minha vida no futebol. É sem dúvida uma grande perda no meio de comunicação, principalmente no rádio, do Brasil. Descanse em paz, comentarista da palavra fácil."
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